Há um Índice para Tudo

Se você tivesse que criar uma lista de índice financeiros, que índices incluiria? Sem dúvidas, o S&P 500® e o Dow®, fariam parte da lista, bem como os principais índices dos mercados europeus e asiáticos, além de reconhecidos índices de setores ou dividendos. Contudo, o que você poderia não perceber é que há milhões de índices que são calculados todos os dias.

A maior parte dos índices pertence a uma das seguintes categorias:

O VARIADO MUNDO DOS ÍNDICES

Cada um dos principais provedores de índices publica centenas de milhares de índices de mercado, que abrangem milhares de seções e segmentos dos diversos mercados.

Mas por que o mundo precisa de tantos índices?

Uma maior quantidade de índices pode gerar maior flexibilidade na avaliação e acompanhamento dos mercados. Por exemplo, é possível que alguns analistas usem índices de países e setores para determinar quais fatores estão impulsionando os mercados globais ou que fundos de pensão os utilizam como benchmarks para medir o retorno de investimentos com estratégias específicas.

Por exemplo, um fundo de pensão poderia investir apenas em empresas que sejam socialmente responsáveis e os provedores de índices poderiam publicar índices que procurem medir especificamente o desempenho das companhias selecionadas com base em critérios de responsabilidade social. Com um maior número de índices, também se amplia o conjunto de oportunidades para os emissores de produtos de investimento quanto à criação de ETFs e outras ferramentas úteis para investidores com interesses variados.

Os índices possuem metodologias que vão desde as simples até as complexas e abrangem classes de ativos como ações, títulos de renda fixa e commodities, entre outras.

Índices de Renda Variável

Quando a maioria dos investidores escuta a palavra “índices”, eles pensam em índices de renda variável, que são os índices de mercado mais negociados e amplamente disponíveis.

Os índices que medem mercados acionários foram também os primeiros a ser criados, há mais de um século. Hoje em dia, os investidores têm acesso a índices de renda variável para quase qualquer mercado que possam imaginar.

Índices de Beta Tradicional

Alguns índices de renda variável, incluindo muitos índices amplos de mercado, são caracterizados como índices “simples” ou “de beta tradicional”. Isso quer dizer que seu objetivo é refletir fielmente as variações do mercado que acompanham, sem acrescentar condições ou estratégias decorrentes de algum interesse particular. Os índices mais amplos deste tipo procuram obter benefícios do desempenho do mercado de capitais global. Por exemplo, o S&P Global BMI (Broad Market Index) abrange mais de 11.000 ações pertencentes a 50 mercados desenvolvidos e emergentes.

Índices com um foco mais restrito permitem aos investidores identificar de forma precisa segmentos específicos do mercado. Por exemplo, há uma ampla gama de índices de países e índices regionais que estão baseados no S&P Global BMI, bem como índices de setores e indústrias, como aqueles que acompanham o desempenho de empresas de energia, saúde e serviços públicos. Do mesmo modo, há índices que dividem o mercado de renda variável em categorias de tamanho baseados na capitalização de mercado das empresas (como large cap, mid cap e small cap).

Tipos de Índices Setoriais

Com Base nos Setores do GICS®

Índices Temáticos

Outros índices de renda variável acompanham temáticas especializadas. Seu enfoque único faz com que estes índices sejam diferentes e às vezes mais complexos quanto à sua metodologia do que índices de beta tradicional.

Por exemplo, os S&P Shariah Indices procuram incluir somente aquelas empresas que sejam consideradas aceitáveis para realizar investimentos de acordo com a lei islâmica ou sharia. As empresas que fazem parte desta série de índices são identificadas mediante diversos filtros criados para eliminar companhias que ofereçam produtos ou serviços considerados inaceitáveis segundo a lei islâmica, ou cujos índices financeiros (por exemplo, a relação dívida-capital próprio) não cumpram com padrões específicos.

Outro exemplo, neste caso de um conjunto de índices de sustentabilidade criado em conjunto com SAM, é o Dow Jones Sustainability World Index, que funciona como benchmark para empresas orientadas para a sustentabilidade em todo o mundo. Neste contexto, as companhias cumprem com padrões de sustentabilidade quando procuram aumentar o valor no longo prazo que proporcionam a seus acionistas ao aceitar oportunidades e administrar riscos decorrentes de acontecimentos ou cenários econômicos, ambientais e sociais.

Índices de Renda Fixa

A renda fixa como uma classe de ativos possui um amplo alcance global.

A renda fixa inclui títulos de dívida pública, tais como emissões do Tesouro dos EUA, emissões de agências governamentais e títulos municipais dos EUA, bem como a dívida soberana de países em todo o mundo. A renda fixa engloba igualmente títulos corporativos, incluindo mercados monetários, títulos de alto rendimento, empréstimos alavancados, swaps de risco de incumprimento (CDS), títulos conversíveis, ações preferenciais e títulos sukuk, que são instrumentos de dívida compatíveis com a lei islâmica.

Tipos de Instrumentos de Renda Fixa:

Os títulos corporativos são títulos de dívida emitidos por empresas privadas ou públicas. Normalmente, esses títulos recebem classificações de risco de crédito de uma ou mais das principais agências de classificação. De um modo geral, as classificações de crédito estão baseadas na capacidade financeira das empresas para pagar a dívida.

  • Títulos com Grau de Investimento
    Títulos com classificações elevadas de risco de crédito são denominados como títulos com grau de investimento, que apresentam geralmente um baixo risco de inadimplência (ou seja, de deixar de pagar a dívida) e oferecem rendimentos mais baixos.
  • Títulos de Alto Rendimento
    Os títulos de alto rendimento ou “junk bonds” têm classificações de risco mais baixas do que os títulos com grau de investimento. Devido a isso, estes títulos rendem juros mais elevados e oferecem maiores rendimentos em troca do maior risco de inadimplência que possuem.
  • Empréstimos Bancários
    Empréstimos bancários são empréstimos concedidos a empresas, que logo são vendidos a investidores. Os empréstimos bancários oferecem rendimentos semelhantes aos da dívida de alto rendimento, porém, as taxas de juros “flutuam”, o que significa que são restabelecidas de forma mensal ou trimestral.
  • Ações Preferenciais
    As ações preferenciais são valores híbridos que oferecem pagamentos fixos de dividendos da mesma forma que instrumentos de dívida. Devido à estrutura de pagamentos programados, estas ações são geralmente classificadas como títulos de renda fixa.

Os títulos de dívida pública são títulos de dívida emitidos por uma entidade governamental.

  • Títulos Soberanos
    Os títulos soberanos são títulos de dívida emitidos por um governo nacional e denominados na moeda do emissor.
  • Títulos do Tesouro
    Os títulos do Tesouro são títulos soberanos emitidos pelo governo dos EUA. Dependendo do vencimento, são designados títulos de dívida, notas promissórias ou letras.
  • Agências Governamentais
    Os títulos de agências são títulos de dívida emitidos por uma agência patrocinada pelo governo dos EUA. Esses títulos são respaldados, mas não garantidos, pelo governo dos EUA.
  • Títulos Municipais
    Os títulos de dívida municipal são títulos de dívida emitidos por estados, cidades, condados e outras entidades governamentais dos EUA. A maioria dos títulos municipais estão isentos de impostos federais, bem como de impostos estaduais e locais se o investidor residir no estado em que o título for emitido.
  • Vinculados à Inflação
    Os títulos vinculados à inflação são títulos de dívida em que o capital é indexado a uma taxa de inflação. O objetivo destes títulos é ajudar a proteger os investidores do aumento dos preços.

Trata-se de títulos respaldados por dívidas de consumo, tais como hipotecas, empréstimos, arrendamento ou contas a receber contra outros ativos.

  • Títulos Hipotecários (MBS)
    Os títulos hipotecários (MBS) são títulos garantidos por empréstimos hipotecários e outros empréstimos imobiliários. As hipotecas subjacentes formam um pacote e o capital acumulado junto com os pagamentos de juros passam ao investidor.
  • Títulos Garantidos por Ativos (ABS)
    Os títulos garantidos por ativos (ABS) são títulos garantidos por empréstimos além de hipotecas, tais como o financiamento de automóveis, empréstimos garantidos por imóveis (home equity), empréstimos a estudantes e cartões de crédito.

Os índices que acompanham os preços e rendimentos de títulos de renda fixa têm menos visibilidade do que os índices de ações, mas em conjunto, acompanham um universo de títulos significativamente maior do que os índices de renda variável, tanto no número de emissões quanto no valor total de mercado nos Estados Unidos e em todo o mundo.

Por exemplo, o S&P Municipal Bond Index acompanha o vasto mercado de títulos municipais dos EUA, onde os investidores mantêm uma dívida avaliada em mais de US$ 3,9 trilhões (Fonte: MSRB, dados de 2019). O tamanho e a complexidade do mercado permitem o funcionamento de uma gama de índices com focos mais restritos, cujos universos de investimento são definidos por fatores como o vencimento, classificação de risco, duração, uso específico, estado de origem, etc.

Tal como os índices de renda variável, os índices de renda fixa podem funcionar como barômetros do mercado e como benchmarks para gestores ativos. Eles também podem ser base para e produtos possíveis de investir, como ETFs, fundos mútuos e derivativos , incluindo produtos estruturados.

Índices de Commodities

Normalmente, os índices de commodities acompanham o preço de contratos futuros sobre produtos de consumo, que são as matérias primas de produtos industriais e comerciais.

As variações no valor do índice refletem, em total, a variação dos preços dos contratos subjacentes sobre produtos tão variados como petróleo, gado e metais preciosos. Os preços dos contratos individuais, por sua vez, dependem de diversos fatores, incluindo a oferta e a demanda pela mercadoria subjacente.

Por meio de produtos negociados em bolsa que acompanham índices de commodities, os investidores têm acesso a uma classe de ativos que às vezes pode apresentar uma correlação negativa com investimentos em renda fixa e renda variável, já que os contratos futuros de commodities subjacentes nem sempre reagem às forças da economia do mesmo jeito que ações ou títulos de dívida.

O impacto do efeito de contango

Os contratos futuros que fazem parte de um índice de commodities geralmente são substituídos de maneira regular por novos contratos à medida que ocorre o vencimento dos contratos subjacentes. A frequência do giro varia de acordo com a mercadoria podendo ocorrer até de forma mensal no caso de alguns componentes. Uma consequência dessa estrutura é a exposição do índice ao efeito contango. Este efeito ocorre quando os novos contratos adquiridos para substituir os contratos que vencem são mais caros, o que gera uma perda potencial no longo prazo para os investidores de um ETF que acompanha o índice de commodities.

Os índices amplos de commodities que acompanham os mercados internacionais, como o S&P GSCI e o Dow Jones Commodity Index, podem funcionar como termômetros do desempenho do mercado de commodities e como base para produtos de investimento. Outros índices podem ter um foco mais restrito, por exemplo, aqueles que acompanham setores de commodities, tais como metais preciosos, ou commodities individuais, como cobre ou trigo. Versões especializadas de índices de commodities podem ter como objetivo replicar um objetivo de investimento específico, por exemplo, reduzir a ponderação do setor de energia ou atenuar os riscos do efeito contango.

Índices de Estratégia

Os índices de estratégias não têm nada de simples.

Em lugar de proporcionar medidas diretas do retorno do mercado, eles imitam diversas estratégias, tais como aquelas que visam fornecer rendimento de dividendos, controlar o risco ou representar outros fatores do mercado.

Embora esses índices estejam geralmente baseados em renda variável tradicional e, por exemplo, seus componentes possam ser extraídos do S&P 500 ou do S&P Global BMI, as características essenciais dos índices são claramente próprias.

Índices de Dividendos

O interesse dos investidores em estratégias de dividendos tem aumentado significativamente nos últimos anos, o que tem gerado a proliferação de índices de dividendos. Diversos estilos ou tipos de índices de dividendos estão disponíveis a nível global e para os principais mercados da Ásia, Europa, América do Norte e América Latina.

Embora todos os índices de dividendos comumente acompanhem um universo claramente definido de ações que pagam dividendos, nem sempre se trata do mesmo universo e nem todos os índices seguem a mesma abordagem. Por exemplo, alguns deles procuram incluir apenas as ações que oferecem os maiores rendimentos. Outros poderiam colocar mais ênfase no histórico de dividendos, exigindo, por exemplo, que todas as ações tenham um histórico de pagamento de dividendos que apresente um aumento gradual durante vários anos. Por seu lado, outros poderiam procurar uma combinação de receitas constantes e crescimento de dividendos.

Índices de Fatores

O desempenho de um investimento depende de uma série de fatores, alguns dos quais ajudam a melhorar as características de risco e retorno ao longo do tempo, ao passo que outros têm o efeito contrário. Ao selecionar e ponderar ações para um índice de fatores, que às vezes é chamado de índice de smart beta, um provedor normalmente se concentra nas características historicamente demonstradas dos componentes, tais como baixa volatilidade ou valor intrínseco.

Um índice de baixa volatilidade, por exemplo, se concentra em ações que tiveram historicamente preços mais estáveis do que o universo do qual provêm e, por conseguinte, perderam historicamente menos valor em períodos de recessão.

Os provedores de índices também podem combinar diferentes fatores para produzir um índice de estratégia multifatorial. Por exemplo, o S&P GIVI Global® (Global Intrinsic Value Index), cujo objetivo é atingir um beta superior ao de um índice ponderado por capitalização de mercado, examina seu índice principal (o S&P Global BMI) a fim de encontrar ações de baixa volatilidade e logo pondera estes valores de acordo com seu valor intrínseco. O resultado é um índice que obtém benefícios dos fatores que historicamente superaram o mercado no longo prazo, ajustados ao risco.

Índices de Controle de Risco

Os índices de mercado amplamente diversificados procuram medir o risco não sistêmico, ou seja, o risco associado a empresas individuais. Contudo, os índices de mercado permanecem sujeitos à volatilidade própria do mercado, que é chamada de risco sistêmico.

Uma maneira potencial de limitar o risco de mercado é manter ativos em dinheiro. Neste sentido, os provedores de índices têm desenvolvido índices de estratégias inovadores, tais como os S&P 500 Daily Risk Control Indices, que combinam alocações renda variável com alocações em dinheiro a fim fornecer um nível específico de exposição ao risco.

Índices Multi-ativos

Os índices multi-ativos acompanham várias classes de ativos, abrangendo normalmente a renda variável e a renda fixa, por meio de diversas combinações, a fim de refletir o desempenho do mercado em diferentes níveis de risco. Os índices de alocação de ativos são comumente oferecidos como uma série de índices individuais com uma metodologia única.

Por exemplo, os S&P Target Risk Indices representam uma combinação de classes de ativos selecionadas para medir a exposição consistente a um nível específico de risco, com uma transição progressiva de uma posição conservadora para uma agressiva.

Um tipo específico de índices de alocação de ativos, conhecido como índice com data-alvo (target date), reajusta de forma gradual seus componentes ao longo do tempo, no intuito de medir uma carteira com um nível de risco que diminui à medida que sua data-alvo ou data final se aproxima (por exemplo, a data de aposentadoria).

Os produtos de investimento, especificamente ETFs, que estão vinculados a esses índices de estratégia simplificam a tomada de decisões sobre a alocação de ativos. Os investidores geralmente os utilizam em contas de poupança para aposentadoria, tais como fundos401 (k), ou como uma opção de investimento em uma conta de poupança para financiamento da faculdade. No entanto, visto que estes produtos estão vinculados ao desempenho de índices, não é possível garantir um retorno positivo, especialmente durante um período de recessão do mercado.

Índices Econômicos

Além de índices que medem o desempenho do mercado e cumprem objetivos estratégicos, há uma infinidade de outros índices altamente especializados que aumentam de forma considerável o alcance do investimento baseado em índices.

Alguns desses índices se concentram em classes de ativos alternativas, como o CBOE Volatility Index® (VIX®), que acompanha a volatilidade esperada do mercado de capitais. Ao contrário de um índice convencional, cujo nível reflete o desempenho real do mercado, o VIX procura refletir o movimento antecipado dos preços das ações no curto prazo.

Um exemplo muito diferente da capacidade de medição dos índices é o S&P CoreLogic Case-Shiller Home Price Index, que funciona como um benchmark dos preços de casas nos EUA. Dada a importância do mercado imobiliário para a economia dos EUA, este índice fornece informações importantes sobre os preços variáveis dos imóveis.

Outro elemento que tem grande impacto na economia dos Estados Unidos é o número de vagas de emprego abertas nas empresas do S&P 500. Os índices S&P 500 LinkUp Jobs Indices visam medir exatamente isso, de forma oportuna, transparente e independente.

Todos esses índices especializados, apesar de sua diversidade, possuem características importantes em comum com seus pares mais convencionais. Especificamente, estão baseados em regras, são transparentes e suas metodologias e dados estão publicamente disponíveis. Tal como índices convencionais, estes indicadores desempenham muitos dos mesmos papéis fundamentais: funcionam como benchmarks, fornecem dados de pesquisa, medem a saúde econômica e, em alguns casos, formam a base de produtos financeiros.

Você completou o Capítulo 6.

Agora, teste seus conhecimentos respondendo a um breve questionário.

01 Quais índices poderiam enfatizar fatores como rendimento elevado, receitas consistentes ou ambos?
02 Qual das seguintes afirmações é verdadeira com respeito ao S&P GSCI e ao Dow Jones Commodity Index?
03 Qual das seguintes afirmações é falsa?
04 Que índices acompanham tanto ações quanto títulos de dívida em diversas combinações?
05 Um exemplo de um índice que combina fatores para produzir uma estratégia multifatorial é:
A sua pontuação é
Próximo capítulo
Próximo capítulo
Processando ...