Recentemente me perguntaram se a volatilidade era particularmente desafiante para os proprietários de fundos que acompanham a performance de índices ou para os gestores ativos. A resposta é “sim”
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Para os fundos baseados em índices, a dificuldade tem a ver com que a volatilidade crescente geralmente vem acompanhada de baixos retornos. Entre 1991 e 2019, por exemplo, os meses em que a volatilidade do S&P 500 esteve acima da mediana, a média dos retornos totais foi modestamente negativa. Ao contrário, quando a volatilidade foi inferior à mediana, a média de retornos mensais foi de 1,84%. Isto é totalmente sensato; uma ação, afinal, deveria ser avaliada pelo valor descontado dos seus fluxos de caixa futuros. Em tempos de incerteza, a taxa de desconto sobe e os preços caem proporcionalmente. Se os investidores têm menos certeza sobre o futuro, tendem a pagar menos por ele.
Em consequência, é provável que os gestores passivos encontrem uma alta volatilidade que prejudique o valor das suas carteiras. Além de dizer “já vai passar”, é difícil encontrar algo que dizer para mitigar. No entanto, para os gestores ativos surge uma sutileza interessante.
A capacidade de um gestor ativo para agregar valor depende principalmente do seu nível de habilidade. Mas, também depende de quantas oportunidades o mercado apresente. Podemos medir o nível de oportunidade ao acompanhar a dispersão do mercado, ou seja, o grau em que os retornos das ações de um índice estão muito próximos ou amplamente separados. A dispersão e a volatilidade tendem a avançar na mesma direção. Mantendo as demais condições, quanto maior for o nível de dispersão, mais volátil será o mercado no seu conjunto.
Durante grande parte da última década, a dispersão se manteve muito abaixo do seu nível médio. Este é um dos motivos porque os gestores ativos como grupo tiveram tantas dificuldades para ganhar dos seus benchmarks passivos. Contudo, tanto a volatilidade quanto a dispersão dispararam em março. Observamos o mesmo efeito não apenas nos mercados de renda variável global, mas também quando medimos a dispersão em vários setores, países e classes de ativos.
Isto significa que o valor agregado de um gestor hábil (ou afortunado) pode ser consideravelmente superior em março de 2020 do que teria sido há um ano (ou mesmo um mês). Para o gestor menos hábil (ou com menos sorte) a possível magnitude do desempenho inferior ao seu benchmark é amplificada de maneira similar. De fato, dados preliminares sobre o desempenho do primeiro trimestre indicam uma lacuna entre os gestores com melhor e pior desempenho .